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Carlos Orfeu Nasceu e habita em Queimados, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Lançou Nervura e Invisíveis cotidianos (Editora Patuá) e Ramagem pulmonar (Editora Primata).

SEUS POROS

                

suas mãos são ilhas de carne 
afagam o espelho de guelras 

uma saúva se move por dentro
do seu suor nessa manhã mineral 

onde os baobás mastigam 
o vento com veias erguidas 

à beira do rio prateado de sol
sua boca faz um parto de canção 

ora yê yê ô
odoyá odoyá 

as roupas batem nas 
cicatrizes das pedras

o sol atravessa
seus poros 

gira no chão 
luz e sombras

NA CARNE NO NOME

 

tudo que é 
existe
na carne do nome 

sopro feito de fim
no fluxo do começo 

NOITE NA CARNE


falam tuas sombras
vestígios e passagens

falam tuas larvas
salivas sêmens 
musgos e diálogos

na floração do conflito 
na senda e noite da carne

acendes tua fala 

PÁSSARO NA GENGIVA DO CÉU


miçangas
balbuciam

a mão 
descasca
o fruto

o riso
poreja
escorre

o corpo
dança

-aceso-

um pássaro
na gengiva
do céu

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