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Aurélio Augusto 
É ex-vereador, ex-secretário de esporte e cidadania de Cuiabá/MT, poeta, escritor, autor de 4 obras literárias (Momentos,1984, Uma voz ao vento, 1987, Hibisco, o mundo invisivel, 2008 e Aprendiz de gente, 2016.) 

RESSUREIÇÃO DO PERTENCIMENTO HUMANO 

O tempo revela nossa saga como se fosse um fotógrafo, muitas fotos já amareladas referenciam o amadurecimento da nossa mente, sem conceituá-la como inservível, mas sim como um instrumento que nos protege de nós mesmos. 


O homem é a palavra que escuta a razão e a corrompe ao se encantar com o falecimento em si dos sentimentos nobres.  


Não devemos nos enforcar com os laços históricos dos nossos sofrimentos através da ancestralidade ou de agora. 


Unirmos aos quilombos é o caminho para desatar todos os nós do fio da história, libertando corações e mentes. 


Imprescindível é entendermos de onde viemos, para desativar as novas armadilhas de Porongos. Hoje forças táticas armadas invadem o sono nas comunidades acima e abaixo dos morros dos desabamentos previsíveis.  


Sem diálogo, alimentam a guerra onde se disputa o controle dos corpos mamíferos racionais com a morte. Porque não dialogar com o universo, a natureza é sua porta voz. Sim, ela é poliglota e só os loucos entendem seus idiomas de paz. 


Sabem que os corpos dos animais mortos fertilizam o solo, que se esbanjam em um banquete degustando músculos e carnes putrefatas, nos devolvendo com ajuda de sementes e chuvas, os frutos e vegetais. Perfeita, descarta a justificativa de encurtar a viagem das flores da espécie Marielles até a estação primavera, onde semeariam no inconsciente coletivo, o sêmen do direito de serem livres e iguais. 


A canção do rei dizia que todos estão surdos. É verdade nós não ouvimos o estalar dos ossos do pescoço de George, reprise do som macabro como o que levou o irmão Bernardo,  sem rolar papo. Era só um joelho fardado, milionário estrangulando e tirando a graça de uma anedota declarada universal.  


Agora dá pra ouvir a marcha fúnebre tocada pela banda desafinada das injustiças. A melodia que não é do Luiz, soa como um convite para o enterro de uma cidade em um abismo profundo ou sem fundo. Absurdo, apagaram a lua e nem tem mais luz do azeite de lambari. Na escuridão só sobraram milhares de pirilampos, para iluminarem a ressureição da essência do pertencimento humano. 

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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