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Anna Maria Ribeiro Costa

É doutora em História pela UFPE e Professora do Univag. Chegou às terras do povo indígena Nambiquara na Primavera de 1982. Dos índios recebeu o nome Alusu, por conta de seus hábitos alimentares. Nessas terras, conheceu José Eduardo, com quem tem dois filhos: Theo e Loyuá. Vem se dedicando aos estudos sobre os povos indígenas de Mato Grosso, com especial atenção ao Nambiquara.

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Ivan Belém
Ivan Belém é doutor em Educação pela UFMT. Além da literatura, dedica-se ainda ao teatro e ao serviço público. Foi um dos fundadores do Grupo Gambiarra, primeiro grupo de teatro de rua de MT. Durante 10 anos formou dupla com o ator Liu Arruda. Foi gestor do Museu do Rio Cuiabá “Hid Alfredo Scaff” e do Museu da Imagem e do Som de Cuiabá. É autor de “A Baía de Tchá Mariana: mitopoéticas africana e pantaneira nos círculos de aprendizagens ambientais”. Recebeu o Prêmio Mato Grosso de Literatura /2015, pela obra “Liu Arruda: a travessia de um bufão”.

RAÍZES DO BRASIL

O jargão “conhecer para respeitar” tornou-se desgastado sem que, contudo, houvesse uma tomada de decisão mais eficaz e que apresentasse alcances para combater o desconhecimento sobre os povos indígenas do passado e do presente. Modos de ser, de pensar, de sentir preconceituosos são produtores de violência. Conhecer a formação da população brasileira deve pôr em debate a “descolonização epistêmica”. Ao contrário, na contramão da não existência, caracterizada pela secular dominação e desumanização que tenta tornar invisível outras vivências históricas para permanecer instalada na colonialidade, nos saberes subalternos e no pensar limiar. 


Em relação ao aumento assustador dos mais diversos tipos de violência contra povos indígenas, é urgente que o Brasil mostre sua cara. Que oportunize nos mais diversos ambientes a fabulosa diversidade cultural existente no país. Que exercite os olhos dos brasileiros a olhar em várias direções e vivenciar a fantástica experiência de conhecer modos tão distintos de estar no mundo de seus filhos autóctones, a desmanchar preconceitos que geram violências que parecem não ter fim. 


Não diferentemente dos povos indígenas encontra-se o afrodescendente. Escravizado e excluído das instituições escolares oficiais, o povo negro sempre contribuiu com a cultura brasileira, seja construindo o patrimônio material ou mesmo o patrimônio intangível, compondo e enriquecendo o repertório cultural deste país. Oriundo de uma sociedade ancestral, na qual a oralidade e a memória possuem importância fundamental, conquistou a condição de sujeito num contexto predominantemente eurocêntrico, branco e excludente. Narrando geração a geração, exprime sua própria visão de mundo e aquela do grupo a que pertence, apreendendo e desvelando o mundo ludicamente.  


Esse modelo perverso, que reservou aos negros e negras os piores lugares em nossa sociedade, fez com que suas ideias e conceitos permanecessem historicamente nos subterrâneos, circulando oralmente no próprio grupo. Ao branco (“civilizado”) letrado, coube o papel de deixar registrado suas impressões sobre o negro (“bárbaro”), não escolarizado. Pouco mais de um século após a abolição, é notável a presença da comunidade negra em todos os setores da arte e da cultura, numa intervenção estética que possibilita corrigir o quadro de injustiça.   


A Revista Literária Pixé e este número em especial prezam pela valorização dos povos indígenas e afrodescendentes. Clama pela liberdade entremeada à justiça para que a “cultura no plural”, gentes plurais formadoras das “Raízes do Brasil” sejam respeitadas em seus direitos específicos e universais. Em tempos pandêmicos, a desigualdade social mais fortemente mostrou-se. Está escancarada. É um momento comovente, sem dúvida. Hora de vermos o Brasil diverso apresentar suas caras e começar realmente a tirar a Carta Magna da gaveta palaciana. 

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