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André Siqueira

É poeta residente em Jacareí, interior de São Paulo. Já publicou poemas em várias antologias, revistas, jornais e sites de literatura. Publicou de forma independente dois livretos intitulados “Quase Ontem” e “As manhãs fechadas”. Cursou a faculdade de Letras, porém sem concluir e atualmente faz Pedagogia, além de participar de eventos literários, oficinas de poesia e demais trabalhos.

AGLOMERAI, GOZAI SEM DIQUES

não estanque a respiração nem
o show rebolado inscrito
não cale o fervor incorreto
desfie o terno inconcebível
desejoso de nos lacrar

aglomerai de cabeça alçada
gritada aconchegada a nudez
do artista formidável num
alarme -  retesada flecha da
criação viralizada e morada

não desmemorize não aceite
sou drag queens cosmopolita
de norte a sul mais ainda
lavemos a jato a abjeta
caricatura da nação

orixás de partido alto punks
afeminados o lado português 
sentimental tribal gozo
púbis do poema rubro
falado falemos o agora de Wi-Fi

a memória desfraldada a bordo
museus da idiotização agrupada
contudo não estanque a respiração
o sarau de olho na rua retumba
mas não desmemorize não aceite

você... pulha meu igual na agonia...
lavemos a jato a abjeta hipocrisia
de um país desfigurado
sigamos desejosos mesmo num vale
laborioso de inaceitáveis lacres
e insistentes diques que miram
numa ferida selvagem a
necrosar a saudade de um país
que nunca existiu

mas não estanque a respiração 
o púbis do poema deveras
tem que - montado com mandinga - 
infinitamente gozar

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