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André Siqueira

É poeta residente em Jacareí, interior de São Paulo. Já publicou poemas em várias antologias, revistas, jornais e sites de literatura. Publicou de forma independente dois livretos intitulados “Quase Ontem” e “As manhãs fechadas”. Cursou a faculdade de Letras, porém sem concluir e atualmente faz Pedagogia, além de participar de eventos literários, oficinas de poesia e demais trabalhos.

CORRESPONDÊNCIA DE ABRIL

É outra a dor que dói. Lia veio de visita com aquele jeito açucarado dela tão la glace est rompue. Testamo-nos sob a exortação manhosa; melindra, e ora reage e depois vacila e tum! Consternação prontinha. E o calor? Da Europa manda-nos fotos pelo Whats; e eu macarrônica deveras rs. Nem adianta encanar que sinto uma vontade quase sacrossanta de falar e usar as ferramentas que circundam. 2018. Tá bom pra você? Imagino uma aldrava; você rompendo-me de antemão aspergindo pelos matizados do íris refletido no pátio infante da lembrança perfumada, já sorvida.


   É outra a dor que dói. Ouvi conversas lá fora. Cê tá onde? E a fisionomia? De blasé rasgada debruçada agora escrevendo-lhe entrelinhas da paixão e a fúria amante bota a cara pra fora e o desespero não tem Alzheimer. Carunchos na alma. Comprou a bicicleta? A Loira disse-me que está na Holanda. Um arroubo no puff e lastimo jogada destrançada o mundo: enigma traçado que folheio nervosamente. Bota mais uns anos aí. Itália e Rembrandt. Qué vê que elas ainda se encontram no Velho Mundo... Da varanda não vejo nada, apenas uma persiana que dá pra mim mesma; frestas do meu estômago no ermo inflado ventilando a lentidão  dos brinquedos abandonados nos buracos da estrada. Viro índice onomástico. Teu nome apropria-se de mim - gigante. Aproveita.

COPACABANA

nada fácil nego
sem tim-tim, mais
ufa! sem a corte pra “valeu!”
vida fácil só se fosse Guinle
do primeiro tempo
conta-se moedinhas (lembro do
jazigo jazz) nada de boa
arma-se a conspiração
do homem do homem
anotado o discípulo de Emaús
camisa de onze varas, nego
sem tim-tim, boy, vida não tem aplicativos
oh nego, se eu fosse um Guinle da vida...
all right but
life is a pigsty
tim-tim

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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