André Siqueira
É poeta residente em Jacareí, interior de São Paulo. Colaborou nas revistas Acrobata, Subversa, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Gueto, Aboio, entre outras. Publicou de forma independente dois livretos, e em 2020 seu primeiro livro de poesia As Manhãs Fechadas (editora Gataria) foi lançado. Cursou a faculdade de Letras, sem concluir, e participa de eventos, oficinas entre outras loucuras literárias.
HEITOR TEM 6 ANOS
Nossa Senhora das Graças, lembro
do escorregão no banheiro. Queda
encharcada. Depois pude ver
melhor esta vida por Deus dada.
Pude ver Heitor na escola. Só
um menino sentado. Levanta,
corre, cai, menospreza o quibungo,
faz pabulagem, inventa arranha
infinito céu da brincadeira.
Heitor, menino esperto, veloz,
menino de abraço guizalhado,
içá fazendo festa em noturno
colorido de carrinhos. Motos
bem na sala cortando cadeiras.
Perco meus cabelos e o menino
é mais aderente no mundão
como a tinta azul desta caneta.
Ele também deve ter trenzinho.
Ele fez um desenho pra mim
de sol, arco de três cores, íris
verde, azul e amarelo. Laranja
imenso. Sem lobos o desenho
me faz vila ouvindo maritacas.
Heitor, Heitor, menino, seu anjo
nos decifra com letra de fôrma.