Akins Kintê
É poeta, músico, produtor cultural, cineasta, arte-educador. Autor de Punga, em coautoria com Elizandra Souza, e Incorporos, em coautoria com Nina Silva. Além disso, publicou Muzimba – na humildade, sem maldade, bem como participou de algumas antologias, entre as quais, Cadernos Negros. Um dos poetas mais respeitados do circuito da literatura periférica (e um dos nomes mais promissores), Akins é idealizador do Sarau do Kintal, que tem uma antologia publicada. Também, articulou os documentários Várzea – a bola rolada na beira do coração e Vaguei os livros, me sujei com a merda toda (este último com Allan da Rosa e Mateus Subverso). Em 2014, foi o vencedor I Festival de Poesia da Cidade de São Paulo.
A RODANTE
Quando ela Erê
Gaiatice
Os olhos arco-íris
Meninice
Nos passos vitais
Peraltice
Caso algo eu perguntasse
Na elegância
Vinha na certeza
De criança
E o axé que nos abriga
O Erê desfolhasse
Minha intriga
Quando Padilha
Traz no passo encanto
E elegância
De quem compreende o pranto
Vem na dança
Desmoronando quebranto
Intolerância
Caso eu angustiado
Em minha ilha
A Padilha
No olhar cheio de brilho
Harmoniza, sopra a doce brisa
Limpando o rastilho
No caminho que a gente trilha
Quando ela, Orixá
Num deixa um cochicho
Nem queixa ou buchicho
Quando eu homem bicho
Escrevo minha história em garrancho
Magoado esguicho
Ódio e me desmancho
As ilhas de teus olhos fogacho
No mais profundo me flecha
Meu mundo se abre no facho
E não há o que fecha
Num abandona, remexe
Até o momento que me acho
Vento em meu feixe
Moro nas águas do riacho
Do sensível Orixá