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Adilson Vagner de Oliveira 
É professor na área de Linguagens do Instituto Federal de Mato Grosso, Campus Avançado Tangará da Serra, fez mestrado em Estudos Literários pela UNEMAT e doutorado em Ciência Política pela UFPE

MÃE DE MIM 

Um dia encontrei-me cansada da maternidade, 
Disseram-me que a beleza dos infantes superaria tudo,
Mas esgotou-me o espírito altruísta do amor ilimitado
Desejo o silêncio companheiro da solidão solteira

Gritos de mãe ecoam por meus ouvidos até no sono, 
enlouquecem-me os combates fraternos intermináveis,
a Távola Redonda em minha própria cozinha triste,
a decidir-se entre cavaleiros juntos e injustos

 

Os filhos dominaram todo o meu tempo lindo de mulher,
ocuparam-me as horas como um filme tediosamente longo, 
sou incapaz de provar intervalos comerciais na mente,
escapismo deixou de ser recurso de um romântico fugitivo

 

Se choram, suplico por emudecimentos diurnos de paz, 

desenho estradas de fronteiras em minha mente cansada,
rotas alternativas de distanciamento da condição de mãe, 
deixei de me arrepender em pranto das escolhas pretéritas

 

Pensamentos egoístas não me deixam menos mãe,
mas me alimentam o futuro só meu novamente, 
perdi parte do meu próprio espetáculo adulto,
ganhei plateia que briga e chora ferozmente

 

Por vezes, só quero um tempo conjugado no singular,
uma cama sem criança em saltos sobre a gente, 
um banho amoral sem torcida lutando à porta
creio que sofro de uma maternidade sufocante 

 

 

 

 

 

 

SOBRE AMORES E LIMOEIROS 

 

Por entre a fresta do piso e da parede, 
Surgiu forte e encantador, 
De uma beleza enganadora, 
Os espinhos já despontavam rígidos, 
Enfim, teria um limoeiro no chão de casa 

 

As manhãs de sol intenso sobre o piso, 
O suficiente para lhe dar força e confiança, 
Cultivado com dedicação doméstica e sentimental, 
O limoeiro tornou-se parte de minhas paisagens,
Junto ao cimento, edificou-se charmosamente, 
Pude admirá-lo em momentos de silêncios de vida.

 

O encanto era real, a beleza era evidente, 
Ele era o que sempre foi, sem enganos.
Minha visão carente de obra-prima 
Turvou-se por conta própria, 
Por desejo há muito acumulado, 
Queria um limoeiro na minha terra.

 

Alertado por amigos e denunciado pelo radar materno,
de conhecimento histórico e de aprendizagem prática,
de vivências saborosas e de enganos cítricos, 
Ela anunciou “não é pé de limão”
“É mato”. 

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