Aclyse Mattos
É escritor, poeta e professor da Faculdade de Comunicação e Artes da UFMT. Livros publicados: Motosblim: a incrível enfermaria de bicicletas (infantil – 2019) O sexofonista (contos - 2018), Sabiapoca – Canção do Exílio sem Sair de Casa (infantil – 2018), Festa (poesia – 2012), Quem muito olha a lua fica louco (poesia – 2000).
A NINGUÉM SERVE A POESIA
Um galo sozinho não
tece uma manhã.
É pura pretensão
achar que uma manhã
se tece desde o chão.
Há muito já não gira
o mundo em torno ao galo.
É o tempo que respira
e sopra luz ao galo.
E se o galo tecer o anoitecer?
Acorde para um novo acontecer:
porque há poemas feitos de promessas
e outros que desvelam, esclarecem.
Se os galos que entretecem se entristecem
(bichos utilitários, serventia),
antes o sabiá e a cotovia
que cantam pela noite e pelo dia.